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AUTISMO E SEXUALIDADE: ORIENTAÇÕES PARA EDUCAÇÃO SEXUAL DE ADOLESCENTES AUTISTAS.

Como os pais podem orientar o adolescente autista sobre a sexualidade? É possível? Sim! É possível e fundamental! Os adolescentes autistas experimentam as mesmas transformações no corpo que os adolescentes neurotípicos pois seus hormônios estão presentes e provocam excitação. Com o despertar do interesse sexual dos adolescentes torna-se mais difícil a tarefa de educar. Todavia os pais devem apoiá-los e incentivá-los a buscarem sua independência e autonomia através do aconselhamento e da educação sexual. Cadastre-se e receba gratuitamente em seu e-mail nossos E-books! 

ABORDAGEM GESTALTICA

APRESENTAÇÃO

O presente trabalho tem por objetivo descrever os principais conceitos teóricos da abordagem gestáltica e os aspectos da prática terapêutica. Este estudo foi desenvolvido para a aquisição e consolidação de conhecimentos específicos desta abordagem psicológica.

ABORDAGEM GESTÁLTICA
Gestalt é forma, totalidade. Este conceito de totalidade envolve a relação entre o todo e suas partes, cujas interconexões harmoniosas e coerentes formam uma unidade significativa. A teoria da Gestalt desenvolveu-se como protesto contra a análise atomística vigente no final do século XIX. A análise atomística tentava compreender a experiência da pessoa de forma que os elementos dessa experiência eram reduzidos aos seus componentes mais simples, sendo que cada componente era analisado separadamente dos outros e, a experiência total era entendida como uma soma destes componentes. A Gestalt-terapia é uma terapia existencial-fenomenológica fundada na década de 1940, por Frederick (Fritz), um psicanalista nascido em Berlim em 1893, e Laura Perls. Esta abordagem reuniu pressupostos teóricos e filosóficos que representam um modo específico de observar o desenvolvimento humano na sua relação com o meio. A Psicologia da Gestalt, a Teoria Organísmica e a do Campo, aliadas aos pressupostos filosóficos do Humanismo, Existencialismo e Fenomenologia, permitem uma análise do processo de crescimento e das relações do indivíduo com o mundo na construção de si. A Psicologia da Gestalt foi iniciada por Max Wertheimer juntamente com Wolfgang Köhler e Kurt Koffka. Seus primeiros estudos direcionaram-se, sobretudo, às áreas da percepção, aprendizagem e solução de problemas, enfatizando a existência de leis da organização da experiência individual. Nesta perspectiva, a pessoa, por meio de sua percepção, atribui um significado existencial ao ambiente observado, reestruturando seu campo perceptual a partir do princípio figura-fundo, cuja diferenciação retrata o processo pelo qual o indivíduo hierarquiza suas necessidades, sinalizando o que é emergente e preferencial, entendendo-se a vida como uma sucessão contínua de satisfação das necessidades emergentes. A Gestalt-terapia ensina a terapeutas e pacientes o método fenomenólógico de awareness, no qual perceber, sentir e atuar são diferenciados de interpretar e modificar atitudes preexistentes. O objetivo é tornar os clientes conscientes (aware) do que estão fazendo, como estão fazendo, como podem transformar-se, e ao mesmo tempo, aprender a aceitar-se e valorizar-se. O objetivo da exploração fenomenológica da Gestalt é a awareness ou o insight. “Insight é uma formação de padrão do campo perceptivo, ou seja, é a compreensão nítida da estrutura da situação em estudo. Awaraness sem exploração sitemática é comumente insuficiente para desenvolver insight. Portanto, a Getalt-terapia usa a awareness focalizada e a experimentação para obter insight, mais o processo (o que está acontecendo) do que o conteúdo (o que está sendo discutido). O campo é um todo, no qual as partes estão em relacionamento imediato e reagem umas às outras, e nenhuma deixa de ser influenciada pelo que acontece em outro lugar do campo. Logo, o campo fenomenológico é definido pelo observador, e é significativo apenas quando se conhece seu quadro referências. Nesta abordagem, os dados não disponíveis à observação direta do terapeuta são estudados pelo enfoque fenomenológico, pela experimentação, por relatos dos participantes e por intermédio do diálogo. O diálogo existencial é uma parte essencial da metodologia da Gestalt-terapia, e é uma manifestação da perspectiva existencial de relacionamento. O relacionamento origina-se do contato. Contato é a experiência da fronteira entre o “eu” e o “não-eu”. O diálogo é baseado na experienciação da outra pessoa como ela verdadeiramente é, e mostrar o seu verdadeiro self, compartilhando awareness fenomenológica. O relacionamento terapêutico em Gestalt-terapia enfatiza quatro características de diálogo: (a) Inclusão: o posicionamento na experiência do outro, sem julgamentos ou interpretações. Isto propicia um ambiente de segurança para o trabalho fenomenológico do paciente; (b) Presença: o terapeuta se expressa para o paciente. Ele não usa presença para manipular o paciente a moldar-se a objetivos preestabelecidos, mas para encorajá-lo a regular-se de forma autônoma; (c) Compromisso com o diálogo: o terapeuta rende-se ao processo interpessoal, ou seja, o contato ocorre, sem manipulações ou controles de resultados; (d) O diálogo é vivido: o diálogo pode ocorrer através de uma dança, de uma música, ou de outra modalidade que expresse e movimente a energia entre os participantes. A Gestalt-terapia enfatiza o aqui-e-agora. A experiência imediata do paciente é trabalhada ativamente. O paciente é visto como um colaborador, aprendendo a autocurar-se. Ela considera todo o campo biopsicossocial, incluindo organismo/ambiente e utiliza ativamente variáveis fisiológicas, sociológicas, cognitivas e motivacionais.
Interdependência ecológica: o campo organismo/ambiente
A existência de uma pessoa se dá pela diferenciação entre o self e o outro, e por conectar o self e o outro. Para estabelecer um bom contato com o mundo, o individuo precisa decobrir suas próprias fronteiras. Um contato em que a pessoa percebe novidades do ambiente, faz parte de uma auto-regulação eficaz.
Metabolismo mental
A Gestalt-terapia utiliza o metabolismo como metáfora para o funcionamento psicológico. O que é nutritivo é assimilado pelo organismo que o torna parte de si, e o que é tóxico é rejeitado. Isto exige que a pessoa perceba ativamente estímulos exteriores e processe estímulos exteroceptivos com dados interoceptivos.
Regulação da fronteira
A fronteira entre o self e o ambiente deve ser mantida permeável para permitir trocas, porém firme para ter autonomia. Viver é uma progressão de necessidades, satisfeitas ou não, que atingem um equilíbrio homeostático e vão em busca do próximo momento e da nova necessidade. Perls postula que todos os comportamentos são governados pelo processo que os cientistas chamam de homeostase e que os leigos chamam de adaptação. A homeostase é o processo através do qual o organismo satisfaz suas necessidades. Homeostase processo de auto-regulação, processo pelo qual o organismo interage com o meio. Observando certos impulsos comuns a todos os seres vivos, os teóricos postularam os “instintos” como as forças condutoras da vida e descreveram a neurose como resultado da repressão daqueles instintos. O estudo do modo que o ser humano funciona no seu meio é o estudo do que ocorre na fronteira de contato entre o individuo e seu meio. Perls, considera o contato com o meio e a fuga dele ( esta aceitação e rejeição do meio) são as funções mais importantes da personalidade global. O homem necessita dos outros para sobreviver fisicamente. No nível psicológico, o homem necessita de contato com outros seres humanos, assim como, no nível fisiológico, necessita de comida e bebida. A abordagem gestáltica que considera o individuo uma função do campo organismo/meio e que considera seu comportamento como um reflexo de sua ligação dentro deste campo, dá coerência à concepção do homem tanto como individuo quanto como ser social. O que nos interessa como psicológos e psicoterapêutas, neste campo em perpétua mudança, são os grupos sempre mutantes do individuo mutante, pois ele tem que mudar constantemente se quiser sobreviver. Quando o individuo se torna incapaz de alterar suas técnicas de manipulação e interação é que surge a neurose. Para Perls, o desequilibrio surge quando, simultaneamente, o individuo e o grupo vivenciam necessidades diferentes, e quando o individuo é incapaz de distinguir qual é a dominante. Todos os distúrbios neuróticos surgem da incapacidade de individuo encontrar e manter o equilíbrio adequado entre ele e o resto do mundo e todos têm em comum o fato de que na neurose social e os limites do meio sejam sentidos como se entendendo demais sobre o individuo. Perls sugere que existem quatro mecanismos neuróticos básicos, ou distúrbios de limites capazes de impedir o crescimento: introjeção, projeção, confluência e retroflexão. (Na estrutura em cinco camadas da neurose, estes mecanismos de defesa operam basicamente na segunda e terceira camadas).
Introjeção
Introjeções são atitudes não digeridas, modos de agir, sentir e avaliar, estranhos anexados à personalidade. O homem que introjeta nunca tem uma oportunidade de desenvolver sua própria personalidade porque está muito ocupado em ficar com os corpos estranhos alojados em seu sistema. Quanto mais se sobrecarrega com introjeções, menos lugar há para que expresse ou mesmo descubra o que é de fato. A introjeção contribui para a desintegração da personalidade. Se alguém traga inteiros dois conceitos incompatíveis, pode se achar tragado em pedaços no processo de tentar reconciliá-los. A introjeção, pois, é o mecanismo neurótico pelo qual incorporamos em nós mesmos normas, atitudes, modos de agir e pensar, que não são verdadeiramente nossos.
Projeção
Assim como a introjeção é a tendência a fazer o si mesmo reponsável pelo que na realidade faz parte do meio, a projeção é a tendência a fazer o meio responsável pelo que se origina na própria pessoa. Clinicamente, reconhecemos que a doença da paranóia, que é caracterizada pelo desenvolvimento de um sistema altamente organizado de ilusões, é o caso extremo de projeção. Na projeção deslocamos a barreira entre nós e o resto do mundo exageradamente a nosso favor – de modo que nos seja possível negar e não aceitar as partes de nossa personalidade que consideramos difíceis, ou ofensivas ou sem atrativos. São nossas introjeções que nos levam ao sentimento de autodesvalorização e auto-alienação que produz projeção.
Confluência
Quando o individuo não sente nenhuma barreira entre si e seu meio, quando sente que ele próprio e o meio são um, está em confluência com este meio. As partes e o todo são indistinguíveis entre si. A pessoa em quem a confluência é um estado patológico, não pode discriminar entre o que ela é o que as outras pessoas são. Não sabe onde ela termina e começam os outros. O homem que está em confluência patológica amarra suas emoções e atividades num amontoado de completa confusão até que não mais se dá conta do que quer fazer de como está se impedindo de fazê-lo.
Retroflexão
Retroflexão significa literalmente, voltar-se rispidamente contra. O retroflexor sabe como traçar uma linha divisória entre ele e o mundo, e a esboça nítida e clara, justamente no meio – mas no meio de si próprio. A terapia consiste em retificar as falsas identificações. Na terapia temos que ajudar o individuo a descobrir o que ele é e o que ele não é; o que o gratifica e o que o contraria. Temos que guiá-lo para a integração.
Awareness
Awareness é uma forma de experiência que pode ser definida aproximadamente como estar em contato com a propria existência, com aquilo que é. Awareness total é o processo de estar em contato vigilante com os eventos mais importantes do campo individuo/ambiente, com total apoio sensoriomotor, emocional, cognitivo e energético.
Responsabilidade
A Gestalt-terapia considera as pessoas responsáveis – hábeis para responder, ou seja, elas são os agentes fundamentais na determinação de seu próprio comportamento.
Psicoterapia
Na Gestalt o único objetivo é awareness. Esta abordagem facilita a solução de problemas com o incremento da auto-regulação e do auto-suporte. Nela a autonomia e autoderteminação do paciente são consideradas os valores mais importantes. O objetivo é o crescimento e a autonomia, com um aumento da consciência. A presença ativa do terapeuta é vida e entusiasmada, honesta e direta. A abordagem geral da Gestalt-terapia é facilitar a exploração de formas que maximizem aquilo que continua a se desenvolver depois da sessão, sem o terapeuta. A tarefa da terapia é conseguir que a pessoa tome consciência de partes anteriormente alienadas e experimentá-las, considerá-las e assimilá-las, se forem ego-sintônicas, ou rejeitá-las se forem ego-alienadas. A Gestalt coloca o foco no paciente. O relacionameto é horizontal, diferenciando-se do relacionamento terapêutico tradicional. O paciente e o terapeuta falam a mesma língua. A orientação é mais para o agora do que qualquer outra forma de psicoterapia. Ela é praticada em terapia individual, em grupos, em workshops, com casais, com famílias e com crianças; e é praticada em agências de serviços familiares, hospitais, clínicas particulres, centros de crescimento, e assim por diante. Todos os estilos de Gestal-terapia têm em comum os princípios gerais: ênfase na experiência direta e na experimentação (fenomenologia), uso do contato direto e presença pessoal (existencialismo dialógico), e ênfase nos conceitos de campo “do que” e do”como” e do”aqui-e-agora”. Todas as técnicas de focalização do paciente são elaborações da questão “O que você esta percebendo agora?” e da instrução “Tente este experimento e veja o que você passa a perceber ou aprende”. São utilizadas técnicas como: encenação; fantasia dirigida; técnicas de soltura e integração e técnicas corporais.
Considerações finais
É evidente que o relato aqui exposto, sobre a abordagem gestáltica merecia ter sido mais aprofundado, mas, para o que foi proposto, já cumpriu sua finalidade, pois permitiu a assimilação dos principais conceitos teóricos e propiciou a reflexão sobre a prática terapêutica dentro desta abordagem. É fundamental destacar que o terapeuta dentro do processo terapêutico (que é o restabelecimento do si-mesmo pela integração das partes dissociadas da personalidade), deve trazer o paciente à integração verdadeira de si; de modo que este estabeleça um bom contato com o mundo e que veja a si mesmo como parte do campo total para relacionar-se tanto consigo quanto com o mundo.
Referências Bibliográficas

Yontef, Gary M. Processo, diálogo, awareness. São Paulo: Summus, 1998.
Perls, Fritz. A Abordagem Gestáltica e Testemunha Ocular da Terapia. Rio de Janeiro: LTC, 1988. “O homem encontra o Ser e o devir como aquilo que o confronta, mas sempre como uma presença, e cada coisa, ele a encontra somente enquanto presença; aquilo que esta presente se descobre a ele no acontecimento e o que acontece, se apresenta a ele como Ser. Depende de ti que parte incomensurável se tornará atualidade para ti.” (Martin Buber)

Comentários

  1. Brilhante!!!!!... Nossa, sem palavras.... valeu demais poder ler algo falando de Gestalt-terapia, educação e arte.... lindo... abraços!!!

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