Por Mirian Lopes
De acordo com o
Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV-TR), 4ª edição,
revisado, o Transtorno de Desejo Sexual Hipoativo (TDSH) é uma deficiência ou
ausência de fantasias sexuais e desejo de ter atividade sexual (Critério A).
Esta disfunção sexual pode ocorrer tanto em homens quanto mulheres.
O TDSH tem
sido muito referido por mulheres, o que conduz a uma revisão do conceito de resposta sexual feminina. O modelo
proposto por Basson (2000) é constituído pelas fases de desejo, excitação,
orgasmo e resolução ou relaxamento, com o diferencial de que as respostas
femininas resultam mais da necessidade de intimidade do que propriamente de uma
estimulação sexual física. Assim sendo, a motivação para que as mulheres tenham
atividade sexual costuma se basear em recompensas, não necessariamente sexuais,
como a intimidade, o contato, o desejo de agradar o parceiro.
A autora afirma
que a mulher pode sair de um estado de neutralidade sexual e motivada pela
recompensa da intimidade emocional e do bem estar do parceiro, ativar
voluntariamente seu ciclo de resposta sexual, ficando receptiva a certos
estímulos que possam despertar o desejo erótico.
Tratar o TDSH feminino é um
desafio visto que sua etiologia é muito variada. Segundo Leiblum (2010) alguns
fatores contribuem para o desinteresse sexual, são:
os fatores biológicos
(desequilíbrios hormonais, medicamentos e seus feitos colaterais, doenças
crônicas, etc);
fatores do desenvolvimento (ausência de educação ou permissão
sexual, infância e adolescência marcadas pela privação emocional, física,
verbal ou afetiva, trauma ou coerção sexual);
fatores psicológicos (ansiedade,
depressão, transtornos de apego e da personalidade); fatores interpessoais
(conflitos, insultos, perdas no relacionamento e incompetência ou disfunção
sexual do parceiro);
fatores culturais (questões morais e crenças religiosas ou
culturais relativas a conduta sexual apropriada);
fatores contextuais (aspectos
ambientais, como privacidade, segurança e conforto com a vizinhança).
De acordo
com esta autora, os problemas do desejo são considerados às vezes produtos de
uma variedade de fatores predisponentes (timidez vs. Impulsividade, variações
ou deformidades anatômicas, inibição vs. Excitação);
fatores desenvolvimentais
(exposição a violência física ou sexual, experiências sexuais precoces
negativas, entre outras);
fatores precipitantes (estressores do estágio da
vida, como divórcio, infidelidade, menopausa, abuso de substância ou
experiências humilhantes ou vergonhosas); fatores perturbadores (estresse
contínuo, fadiga, conflito de relacionamento ou preocupações com a imagem
corporal).
Sandra R. Leiblum. Tratamento dos Transtornos do
Desejo Sexual: Casos Clínicos, 2010.
Rosemary Basson. The female sexual
response: a diferente model. Journal of Sex & Marital Therapy, v. 26, p.
51-65, 2000.
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