Texto: Mirian Lopes – Arte: Federico Beber
A síndrome do pânico é caracterizada por períodos em que surgem ataques a qualquer momento do dia-a-dia de uma pessoa, na qual ela experimentará o início súbito de medo, terror, apreensão e uma sensação de morte iminente. Ela pode causar de forma lenta, sentimentos genéricos de tensão e desconforto nervoso, e pode aparecer como ataques de ansiedade aguda.
Em geral, estes ataques podem durar de 5 a 20 minutos e em média pode acontecer três ataques no período de um mês. O individuo se preocupa com as consequências do ataque ou pode mudar seu comportamento por causa do ataque.
Os sintomas são: tontura, sensação de insegurança, ou desmaio; palpitações ou frequência cardíaca acelerada (taquicardia); tremor, calafrios; sudorese; sufocação; náuseas ou dor abdominal; despersonalização; rubor; dor ou desconforto torácico; medo de morrer; medo de ficar louco ou de fazer alguma coisa descontrolada (TALBOTT et al, 1992 p. 193)
A síndrome do pânico faz parte dos chamados transtornos de ansiedade, conjuntamente com as fobias (fobia simples e fobia social), o estresse pós-traumático, o transtorno obsessivo-compulsivo e a ansiedade generalizada.
O tratamento da síndrome de pânico deve contemplar o gerenciamento das crises, a modificação da relação da pessoa com o próprio corpo, a retomada da capacidade de proteção pelo vínculo e a elaboração dos processos afetivos inconscientes que levaram ao pânico.
Para o gerenciamento das crises são utilizadas técnicas respiratórias, reorganização das posturas somático-emocionais de ansiedade, atenção dirigida, entre outras.
Os exercícios com atenção focada e ressignificação das sensações do corpo, o reconhecimento da correlação entre as posturas somáticas e os estados psicológicos, são importantes pois favorecem a intimidade com a linguagem somática que organiza a presença no mundo e ensina a pessoa como influir sobre os seus estados internos e desorganizar os padrões somático-emocionais que mantém a ansiedade e levam ao pânico.
A capacidade de restabelecer e sustentar a conexão profunda nos vínculos, também são trabalhados, ou seja, a pessoa revê sua história de vida, seus relacionamentos, e pode reorganizar os padrões de vinculação em direção a relações mais estáveis que possam oferecer uma rede de confiança e trocas afetivas, essenciais para a superação da síndrome do pânico.
Também é dado o enfoque nas situações causais, na história de vida emocional e no mapeamento das transições, crises existenciais e pressões que estavam em processo quando a síndrome de pânico começou. É fundamental identificar os afetos não elaborados que desencadearam as respostas de desconexão e que levaram à síndrome de pânico.
Em caso de necessidade, o tratamento com antidepressivos, normalmente associados aos ansiolíticos, poderá ser indicado. A técnica de relaxamento respiratório e muscular deve ser aplicada, e que consiste em exercícios de respiração e relaxamento muscular progressivo, onde o paciente exercita padrões com inspiração-expiração profundas e padrões com amplas respirações diafragmáticas, proporcionando-lhe senso de controle sobre o próprio organismo (ANDRADE et al 2005 p-38).
A dessensibilização sintomática é utilizada para levar o paciente a pensar e tentar vivenciar os sentimentos que o levam a desencadear sintomas que geram ansiedade ou submeter-se a uma exposição direta graduada aos objetos ou situações temidas (ANDRADE et al., 2005).
A reestruturação cognitiva também é utilizada para corrigir a má avaliação de sensações percebidas como ameaçadoras. A técnica da distração também pode auxiliar o paciente. Ele poderá se envolver em atividades lúdicas com jogos que exijam atenção ou iniciar uma conversa neutra com alguém.
Ler sobre a síndrome também auxilia o paciente, pois poderá modificar seu comportamento, seus pensamentos ou sentimentos.
Finalmente, há uma estratégia chamada A.C.A.L.M.E-S.E. que são assim descritas: Letra A: Significa aceitar a ansiedade. Letra C: Contemplar as coisas em sua volta em vez de ficar olhando para dentro de si mesmo, deixando acontecer ao corpo o que ele quiser; Letra A: Aja como se não tivesse ansioso. Diminua o ritmo com que faz as coisas, porém, mantenha-se ativo. Letra L: Libere o ar dos pulmões, bem devagar, calmamente, inspirando pouco ar pelo nariz e expirando longa e suavemente pela boca; Letra M: Mantenha os passos anteriores. Letra E: Examine seus pensamentos, pois talvez esteja antecipando coisas catastróficas; Letra S: Sorria, você conseguiu! Merece todo o seu crédito e todo o seu reconhecimento. Letra E: Espere o futuro com aceitação. Livre-se do pensamento mágico de que está livre definitivamente de sua ansiedade. Para prevenir as crises de pânico é necessário atenção para prática de exercícios regulares, boa alimentação, boa relação com as pessoas, e boa capacidade para liberar as tensões, em resumo, cuidado com a qualidade de vida.
ANDRADE, M. F. B.; MACEDO, M. L. M.; GUIMARÃES,R. L. L. Transtorno do pânico: uma visão cognitivo-comportamental. Monografia (Especialização em Psicologia Cognitiva – Comportamental). Faculdades Integradas de Patos. João Pessoa, 2005.
TALBOTT, John et al. Tratado de psiquiatria.. 1ª reimpressão. Porto Alegre: Arts Médicas 1992.
Comentários
Postar um comentário