Ah! Que liberdade poder se permitir no desvelar do ser. Permitir-se a deixar que as palavras saltem dentro da alma e venham para o exterior. Acredito que elas têm vida própria, que elas têm poder.
Sendo assim todo o cuidado é necessário, pois cada palavra é como uma flecha que segue velozmente para uma direção, e uma vez lançada não volta mais, todavia, reverbera.
Deixo-as livres brotando em mim. Elas me trazem conhecimento. Elas conversam comigo sobre coisas que ainda não sei. O fato é que elas, as palavras, habitam em mim.
Elas podem cortar, dividir, ferir. Podem apaziguar, acalmar, curar. São constituídas de força ou de leveza. São monocromáticas ou iridescentes em suas cores. São preciosidades ou poeira espalhadas ao vento.
Depende do modo como cada um pode vê-la, tocá-la, proferí-la, a palavra ou as palavras estão sempre ali, esperando para serem reconhecidas, decodificadas, compreendidas.
É como o fio de um novelo, dá passagem para as saídas da alma. Ou pode ser uma chama que incendeia uma floresta inteira, sem salvação.
Para mim, as palavras são riquezas, instrumentos com finalidades distintas prontas para encantar, para transformar, para trazer à luz, o que está nas sombras.
Faço parte delas, pois já estou mergulhada em sua dimensão. Elas ditam para mim, o tempo e o espaço. São como leme da embarcação, neste desconhecido mar. As palavras, sempre elas, me absorverem, como agora estão a fazer.
Texto: Mirian Lopes
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