O papel do pensamento pode ser estudado em três níveis:
a) Crenças centrais (core beliefs): estão no nível mais profundo da estrutura cognitiva. Englobam crenças absolutas, rígidas e globais que você tem de si mesmo (ex: eu sou inútil), de outras pessoas (ex: todos são corruptos), e sobre o mundo (ex: nossa sociedade não merece confiança). Estas crenças se desenvolvem na infância a partir de circunstâncias traumáticas e se consolidam na vida adulta, mesmo diante de experiências que contrariem essas crenças. Também são conhecidas como esquemas cognitivos.
b) Crenças intermediárias (intermediate beliefs): originam-se das crenças centrais e ocorrem sob forma de regras ou de suposições. Ex: se as pessoas me conhecessem melhor, veriam que eu sou desagradável.
c) Pensamentos automáticos (automatic thoughts): em geral não estão ao nível da consciência. São espontâneos e surgem a partir de acontecimentos comuns. Beck enumera seis tipos de pensamentos automáticos e McKay at al, descrevem quinze tipos de pensamentos deformados.
Citaremos alguns tipos:
1) Personalização – é a tendência de relacionar fatos ruins a si, sem que isso corresponda à realidade – “se meu casamento não der certo, serei eu o culpado”.
2) Leitura mental – imaginar, sem provas, que as pessoas estão pensando negativamente a seu respeito – “se eu entrar em pânico, todos vão pensar que estou louco”.
3) Inferências arbitrárias – chegar a uma conclusão aleatoriamente – “eu não agrado as mulheres”.
4) Tirania do “deveria” – é a tendência de dirigir a vida em termos de certo/errado, deveria/não deveria – “eu deveria estudar mais” em vez de “eu não quero estudar mais”.
Estes são alguns tipos de pensamentos automáticos, mas ainda falaremos mais sobre o assunto. É fundamental que você desenvolva seu autoconhecimento para que possa viver com maior qualidade de vida, sem ficar refém de pensamentos que podem resultar em sofrimento e dificultar seu equilíbrio emocional.
Ilustração: Pensamentos, by Mirian Valente
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