Onde
há relacionamento humano, há conflitos.
O
conflito é algo presente em nossas vidas. Segundo CHIAVENATO (2002), conflito é
a existência de ideias, sentimentos, atitudes, interesses antagônicos,
diferentes, que colidem e que se chocam.
Os
conflitos são naturais e, em geral, se forem bem administrados, podem agregar
experiências e renovar relacionamentos.
Segundo
ROBBINS (2004), o conflito precisa ser percebido pelas partes envolvidas: sua
existência ou não é uma questão de percepção.
Numa
visão tradicional dos anos 30 e 40, o conflito era prejudicial e devia ser
evitado.
Na
visão de relações humanas, o conflito é ocorrência natural nos grupos e nas
organizações e, portanto, inevitável.
A
visão interacionista encoraja a manter um nível mínimo e constante de conflito,
suficiente para manter o grupo viável, autocrítico e criativo.
O
conflito pode ser encarado como:
•
funcional (positivo): se utilizado para enriquecimento pessoal, como algo
construtivo;
•
disfuncional (negativo): se percebido como algo destrutivo.
Na
verdade, sabemos que o conflito não é necessariamente ruim, pois ele:
•ajusta
o relacionamento interpessoal, amenizando tensões, quando existentes, ao
promover a sua liberação;
•provoca
o diálogo, forçando a expressão de ideias e reivindicações, favorecendo o feedback;
•ativa
o espírito criativo e inovador, na busca pelas soluções;
•contribui para um
aprimoramento no senso de propósito e direção, expondo as adversidades e
posições contrárias.
Causas de conflitos
Os conflitos podem surgir a partir de várias causas; entre
elas:
• modelos mentais: imagens, experiências, expectativas que
nos guiam e que geram a nossa percepção de mundo e forma de agir;
• objetivos: falta de clareza quanto ao objetivo a ser
atingido;
• métodos: quando estratégias e táticas diferem;
• valores: diferença nos critérios de apreciação;
• divergências intelectuais, interesses divergentes;
• tensão psicológica.
Segundo ROBBINS (2004), o primeiro passo do processo de
conflito é a presença de condições que criem oportunidades para o seu
surgimento. Não que necessariamente levem ao conflito, mas é necessário que uma
delas exista para que ele apareça.
São elas: comunicação, estrutura e variáveis pessoais.
Só acontecerá o conflito se uma ou mais partes envolvidas
forem afetadas e estiverem conscientes disso.
Ao se instalar o conflito,
podemos utilizar alguns comportamentos para administrá-lo, o que levará à
melhoria ou à redução do desempenho do grupo.
Esse
mesmo autor afirma que existem cinco comportamentos possíveis para administrar
o conflito. São eles:
•
competição: quando a pessoa busca a satisfação de seus próprios
interesses, independentemente do impacto que isso exerce sobre as outras partes
envolvidas no conflito. Relação ganha-perde, ou seja, um tem que ganhar;
•
colaboração: quando as partes conflitantes desejam satisfazer os
interesses de ambas, temos uma situação de cooperação e de resultados
mutuamente benéficos. Relação ganha-ganha;
•
não enfrentamento ou abstenção: nesse caso, duas alternativas são
consideradas: a fuga ou a tentativa de suprimi-lo. Relação perde-perde;
•
acomodação: quando uma das partes abre mão de seus interesses e coloca
os do outro em primeiro lugar. Relação perde-ganha;
•
concessão ou transigência: quando as partes em conflito abrem mão de
alguma coisa, temos o compartilhamento, que pode conduzir a um resultado de
compromisso.
Para estudiosos como WAGNER
III E HOLLENBECK (1999), o acerto de cada um dos cinco comportamentos depende
da situação que envolve o conflito e, geralmente, da disponibilidade de tempo
para um acordo negociado.
Estresse
Hans
Seley (apud CHIAVENATO,1999) pôde perceber em estudos que, quando se submete um
organismo a estímulos que ameacem sua homeostase (equilíbrio orgânico), ele
tende a reagir com um conjunto de respostas específicas, que instituem uma
síndrome, que é desencadeada independentemente da natureza do estímulo. A isso
ele denominou de stress, que pode ser observado em pelo menos duas
dimensões: como processo e como estado:
•
como processo: é tensão diante de uma situação de desafio, por ameaça e
conquista;
•
como estado: é o resultado positivo (eustress) ou negativo (distress) do
esforço gerado pela tensão mobilizada pela pessoa.
Segundo
esse autor, pode-se dizer que os estressores advêm tanto do meio externo, como
frio, calor, condições de instabilidade, quanto do ambiente social, como
trabalho; e do mundo interno, como os pensamentos e as emoções: angústia, medo,
alegria, tristeza etc.
Em relação ao trabalho, o
estresse é definido como o sintoma que é desenvolvido por uma pessoa frente a
uma situação em que ela percebe seu ambiente de trabalho como ameaçador às suas
necessidades de realização pessoal, e/ou profissional, e/ou à sua saúde física
e/ou mental. Essa necessidade prejudica a interação da pessoa com o trabalho e
afeta ou é afetada pelo ambiente de trabalho, à medida que esse ambiente contém
demandas excessivas a ela, ou quando ela não se sente portadora de recursos
adequados para enfrentar tais situações.
LIMONGI-FRANÇA
(2008), citando Rodrigues (1988) e Couto (1987), diz que o mesmo evento pode
produzir ¨eustress¨ (estresse positivo) ou “distress” (estresse negativo) em
duas pessoas diferentes, dependendo da interpretação que cada uma lhe confere. Eustress
significa uma tensão que não leva à doença e distress designa
reações psicofisiológicas que podem desencadear situações de doenças.
A
mesma autora coloca que uma das mais importantes contribuições de Hans Seley é
a Síndrome Geral de Adaptação, que se caracteriza por três fases:
•
reação de alarme: fase em que mecanismos são mobilizados para manter a
vida, a fim de que a reação não se dissemine;
•
fase de resistência: nessa fase, a adaptação é obtida por meio do
desenvolvimento adequado de canais específicos de defesa. Podem surgir sintomas
somáticos específicos. Em muitos casos, essa pode ser a última fase;
•
fase de exaustão: caracterizada por reações de sobrecarga dos canais
fisiológicos, falhas dos mecanismos adaptativos.
GRIFFIN
E MOORHEAD (2006) dizem que nem todo estresse é ruim e que é necessário certo
nível de estresse para evitar a letargia e a estagnação, mas alertam que muito
estresse pode provocar consequências negativas.
A
seguir, de acordo com LIMONGI-FRANÇA (2008), algumas síndromes associadas ao
estresse:
•
somatizações: sensações e distúrbios físicos com forte carga emocional e
afetiva;
•
fadiga: desgaste de energia física ou mental, que pode ser recuperada
por meio de repouso, alimentação ou orientação clínica especializada;
• depressão: uma
combinação de sintomas em que prevalece a falta de ânimo, a descrença pela vida
e uma profunda sensação de abandono e solidão.
Segundo
GRIFFIN e MOORHEAD (2006), o estresse não é um fenômeno simples e tem muitas
causas diferentes. Esses autores se concentraram em estressores relacionados
ao trabalho e identificaram três causas, ou seja, três tipos de exigências:
Exigências
físicas: estressores
associados ao ambiente de trabalho tais como calor ou frio excessivos,
iluminação inadequada, instalações e exposições a agentes que possam ameaçar a
saúde.
Exigências
da função: o estresse
pode ser proveniente da indefinição funcional, pouca orientação ou treinamento
ou conflitos de funções.
Exigências
interpessoais:
estressores nos relacionamentos.
A
Organização Internacional do Trabalho, em seu site, adverte as empresas de que
a capacidade de sobrevivência no clima competitivo dos mercados também depende
das iniciativas que estas assumam para ajudar aos seus funcionários, de todos
os escalões, a evitarem ou aliviarem o stress.
Portanto,
os gerentes e os especialistas em RH podem colaborar na identificação, na
prevenção e na redução do estresse no ambiente organizacional, criando
ambientes e políticas adequadas, identificando fontes de estresse e refinando
seus processos.
A
pessoa que sabe lidar com os agentes estressores, tantas vezes inevitáveis,
torna-se sociável, segura, de presença agradável, equilibrada, bem-vinda nos
grupos que frequenta. Está mais bem-preparada para o sofrimento, talvez por ser
mais confiante em suas possibilidades, portanto, com uma sólida subjetividade.
A esse tipo de pessoa que sabe
enfrentar os fatores estressores do cotidiano foi dado o nome de pessoa resiliente,
ou seja, alguém com a capacidade de se recobrar facilmente ou se adaptar à má
sorte ou às mudanças.
REFERÊNCIAS
CHIAVENATO, I. Recursos humanos.
6. ed. São Paulo, Atlas, 2002.
ROBBINS, S. P. Fundamentos do
comportamento organizacional. 7. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2004.
CHIAVENATO, I. Gerenciando pessoas.
3. ed. São Paulo, Makron Books, 1997.
LIMONGI-FRANÇA, A. C. Psicologia do
trabalho: psicossomática, valores e práticas organizacionais. São Paulo:
Saraiva, 2008.
WAGNER III, J. A.; HOLLENBECK, J. R. Comportamento organizacional. São Paulo, Saraiva, 1999. |
Texto escrito pelo Prof. José Benedito Regina do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Administração Geral UNIP
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