Atualmente, observa-se comportamentos de pessoas, nas organizações, que tendem a uma prática de violência invisível, denominada Mobbing. O termo ainda é pouco conhecido e é importante que mais pessoas se conscientizem deste assunto, com a finalidade de se evitar danos que este tipo de violência pode causar para saúde dos trabalhadores e para o ambiente de trabalho.
De acordo com MOURA 2008, Mobbing é um termo inglês to Mob, e significa maltratar, atacar, perseguir, tumultuar, importunar e assediar. Este termo pode ser definido como assediar por interesse, admiração, ataque ou para importunar (TROMBETTA, 2005).
É toda e qualquer conduta que caracteriza comportamento abusivo, freqüente e intencional, através de atitudes, gestos, palavras ou escritos que possam ferir a integridade física ou psíquica de uma pessoa, colocando em risco seu emprego ou degradando seu ambiente de trabalho. Constitui-se como uma experiência subjetiva que acarreta prejuízos práticos e emocionais para o trabalhador e a organização.
A vítima é estigmatizada e isolada do grupo, enquanto gradativamente enfraquece e se desestabiliza, chegando ao adoecimento físico e psíquico com risco de causar morte.
A intenção do Mobbing é neutralizar as ações da vítima em termos de poder. Trata-se e um processo disciplinador podendo ocorrer agressões físicas e levar à despersonalização do individuo acarretando para sua vida prejuízos biopsicossomáticos.
O Mobbing pode ser praticado de forma ascendente – um superior é agredido por subordinados, ou horizontal, o assédio ocorre entre colegas de um mesmo nível hierárquico, e o mais comum, o descendente – a pessoa que detém o poder utiliza-se desse comportamento para minar a esfera psicológica do trabalhador assediado, com a intenção de se destacar frente aos subordinados para manter sua posição hierárquica (GUIMARAES, RIMOLI, 2006).
Ele é praticado no trabalho e tem como objetivo intimidar, diminuir, humilhar, amedrontar, consumir emocional e intelectualmente a vitima, além da tentativa de elimina-la da organização ou simplesmente pelo desejo de agredir, controlar e destruir.
“Ambiciosos e invejosos, os agressores procuram aproveitar-se do trabalho alheio, sugando energias e realizações de outros para montarem uma pseudo-imagem de si próprios: verdadeiros “salvadores da pátria”, os “guardiões das organizações” (HELOANI, 2004).
Em muitos casos, as vitimas não são pessoas frágeis, apresentam personalidade, são sinceras e questionadoras e sabem se posicionar. Por não se curvarem a um superior sem motivos claros, tornam-se vitimas dessa violência (HELOANI, 2004).
As ações praticadas são: o corte da comunicação com a pessoa atacada, ou seja, negam-se informações de trabalho relativas à quantidade, qualidade e prazos. A comunicação que permanece é hostil podendo ser implícita e explicita. Outra forma de segregar o sujeito do grupo consiste em tentativas de denegrir a sua reputação, através de comentários maldosos, à opção politica, religiosa, sexual ou aspecto físico. Esta fase dura de 1 a 3 anos e serve para estigmatizar a vitima com o consentimento e participação ativa ou passiva do meio (GUIMARAES, RIMOLI, 2006).
Por fim, ocorre a manipulação do trabalho da vitima em que se coloca a prova sua dignidade profissional, aumentando a sobrecarga do trabalho e a retirada de tarefas e instrumentos de trabalho, demanda de tarefas de qualificação inferior ou superior com seu cargo e capacidade, ordens contraditórias, diminuição no salario, nos turnos, entre outros direitos. Isto ocorre em ambientes profissionais onde a politica interna é permissiva ou omissa. Caso não haja uma intervenção, o assedio toma proporção considerável resultando em afastamentos por doenças, licenças , abandono de emprego e até mesmo suicídio.
É preciso conscientizar pessoas sobre a necessidade de uma convivência em grupo, mais solidária e mais justa, de modo a coibir essas práticas. É preciso buscar o respeito e a dignidade humana, nos ambientes profissionais. A implatação de ações práticas nas organizações de trabalho que visem uma maior qualidade de vida dos profissionais, poderá previnir e reparar o mobbing.
MOURA, A.P.M O mobbing nas organizações de trabalho. TCC de psicologia. Universidade do Vale do Itajaí, 2008
GUIMARAES; L.A.M.; RIMOLI,A.O. Mobbing - Assedio Psicologica no trabalho: uma síndrome psicossocial multidimensional. Psicologia: teoria e pesquisa. Brasilia v. 22, 2, 2006.
HELOANI, J.R.M. Violência invisível. RAE Executivo. São Paulo, v.2. n.3, 2003.
HELOANI, R. Assédio moral – um ensaio sobre a expropriação da dignidade no trabalho. RAE Executivo. São Paulo, v. 3, n. 1, Art. 10, jan./jun. 2004.
TROMBETTA, T. Características do assedio moral a alunos-trabalhadores nos seus locais de trabalho. Florianópolis, 2005, 122f. Dissertação de Mestrado em Psicologia. UFSC.
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