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AUTISMO E SEXUALIDADE: ORIENTAÇÕES PARA EDUCAÇÃO SEXUAL DE ADOLESCENTES AUTISTAS.

Como os pais podem orientar o adolescente autista sobre a sexualidade? É possível? Sim! É possível e fundamental! Os adolescentes autistas experimentam as mesmas transformações no corpo que os adolescentes neurotípicos pois seus hormônios estão presentes e provocam excitação. Com o despertar do interesse sexual dos adolescentes torna-se mais difícil a tarefa de educar. Todavia os pais devem apoiá-los e incentivá-los a buscarem sua independência e autonomia através do aconselhamento e da educação sexual. Cadastre-se e receba gratuitamente em seu e-mail nossos E-books! 

ORIENTAÇÃO - TEORIAS E METODOLOGIAS


O acontecer da vida nos conduz para experiências enriquecedoras...

Deixar nossa sensibilidade aguçada para sentir o que nos toca e a voz que nos fala: a alma.

Vejo um processo contínuo de aprendizagem. Cada dia uma nova descoberta!

E assim deixo que as palavras se harmonizem, a partir de inúmeras leituras que se completam: a leitura dos livros, a leitura da realidade, a leitura do imaginário, a leitura de nós mesmos.

De repente, percorri as paginas de alguns livros que tratam do tema “Orientação Profissional” e como são tão gratificantes, compartilho aqui com vocês.


ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL

A orientação configura geralmente um auxílio ou conselho de uma pessoa mais experiente na resolução de problemas ou na escolha de caminhos. Temos a necessidade de tomar decisões e realizar escolhas.

Na Pré-História uma decisão mal refletida poderia significar sua morte. Na Idade Média as decisões eram norteadas pelos princípios da fé. No Renascimento surge a abertura da escolha trazendo a insegurança da falta de uma referência segura de quem seguir.

Nesta época, a escolha profissional era determinada hereditariamente, ou seja, a inserção no mundo do trabalho tinha pouca mobilidade.

Porém, aos poucos a transmissão hereditária dos ofícios cede lugar à liberdade de escolha segundo as capacidades de cada um. Isto só foi possível, devido às mudanças no modo de produção (passagem de uma relação mecânica para uma relação especializada), as doutrinas liberais (passagem de um modelo social de não mobilidade social para um modelo que valorizava o esforço pessoal como forma de ascensão social), surgimento e desenvolvimento da Psicologia.

A Orientação tem início com Frank Parsons. Ela surgiu como resposta às demandas socioeconômicas do começo do século XX, e pode se estabelecer como uma disciplina e uma prática social voltada à escolha e realização de um fazer humano relativo aos problemas genericamente chamados de vocacionais.

Ela se dividiu basicamente em três áreas no começo: a Orientação Educacional (OE) – auxílio ao individuo com um todo, em todas as esferas de seu desenvolvimento; a Orientação Vocacional (OV) – auxílio a jovens oriundos do atual ensino médio para ingresso numa universidade; e a Orientação Profissional (OP) – auxílio a pessoas que desejavam ingressar no mundo do trabalho.

Em 1940 a Orientação passou de um processo diagnóstico para um processo de construção das escolhas vocacionais.

Nos anos de 1950 surgem as idéias desenvolvimentistas que apresentam um novo paradigma para a Orientação, ou seja, a vocação é substituída pelo desenvolvimento da carreira.

Atualmente o termo Desenvolvimento de Carreira é o mais utilizado para designar a chamada Orientação Profissional.

Segundo Brewer (1926, p.11) apud Ribeiro (2011, p.48) a Orientação Profissional é um processo para “ajudar as pessoas a escolher e se preparar para entrar e progredir nas ocupações.”

“Orientação é a ajuda dada por uma pessoa para outra no sentido de fazer escolhas, ajustamentos e resoluções de problemas. A orientação objetiva auxiliar o orientando a crescer em independência e ter habilidade de ser responsável por si mesmo. É um serviço que é universal – não restrito a escola ou a família. É encontrado em todas as fases da vida – em casa, nos negócios e na indústria, no governo e na indústria, na vida social, em hospitais, em prisões; de fato ele está presente onde existirem pessoas que necessitem de ajuda e onde existirem pessoas que possam ajudar.” (JONES, 1930, p. 5. apud RIBEIRO, 2011, p.50)

“A Orientação Profissional é um processo de ajuda de caráter mediador e cooperativo entre um profissional preparado teórica e tecnicamente com as competências básicas exigidas e desenvolvidas para um orientador profissional e um sujeito ou grupo de sujeitos, que necessite auxílio quanto à elaboração e consecução do seu projeto de vida profissional/ocupacional com todos os aspectos envolvidos do seu comportamento vocacional.” (RIBEIRO, 2011, p. 53)

Para atuar como Orientador Profissional é exigido onze competências centrais, além das especializadas:

1. Demonstrar comportamento ético e conduta profissional apropriados na realização de seus papéis e responsabilidades;

2. Demonstrar defesa e liderança na evolução da aprendizagem, interesses pessoais e desenvolvimento de carreira dos clientes;

3. Demonstrar respeito e consideração às diferenças culturais dos clientes para interagir efetivamente com todos os públicos-alvo;

4. Integrar teoria e pesquisa na prática do aconselhamento, do desenvolvimento de carreira, da orientação e da supervisão;

5. Ter capacidade de elaborar, implementar e avaliar programas e intervenções de aconselhamento e orientação profissional;

6. Levar em consideração suas próprias capacidades e limitações;

7. Ter habilidade de se comunicar com colegas e clientes, utilizando nível de linguagem apropriada;

8. Obter informações atualizadas sobre questões educacionais, de formação, tendências de emprego, mercado de trabalho e sociedade em geral;

9. Ter sensibilidade social e transcultural;

10. Ter capacidade de cooperar efetivamente numa equipe profissional;

11. Demonstrar conhecimento dos processos de desenvolvimento de carreira ao longo da vida (IAEVG, 2003/2007 apud RIBEIRO & MELO-SILVA, 2011, p. 54-56)

Competências especializadas:

Diagnóstico; Orientação educacional; Desenvolvimento de carreira; Orientação; Gestão da informação; Supervisão e coordenação; Pesquisa e avaliação; Gestão de programas e serviços de orientação profissional; Desenvolvimento da capacidade comunitária e Colocação.

A Orientação Profissional é uma área da Psicologia Aplicada Geral. É um campo que necessita de maior desenvolvimento de pressupostos teóricos e filosóficos que embasem sua prática, por conta da complexidade da experiência humana no trabalho.

PRINCIPAIS CONSTRUÇÕES TEÓRICO-TÉCNICAS DA ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL

1ª Demanda:

Como ajudar o individuo a realizar seu ajustamento vocacional/ocupacional?

1. Enfoque Traço-Fator

a) O método pragmático de Parsons (concepção de ser humano: visão mecanicista, pouca mudança. Logística: eficiência, sucesso e satisfação na carreira. Princípios: claro entendimento de si mesmo; um conhecimento das demandas e condições de sucesso; uma resultante fidedigna das relações entre esses dois grupos de coisas. Base metodológica e técnica: ênfase no método cientifico para tomada de decisões; objetivo claro para a orientação – ajustamento vocacional; estratégia lógica clara para auxiliar jovens; classificação científica e lógica das ocupações e contexto de trabalho; princípio ético norteador: iluminação, informação, inspiração e cooperação. Método experimental/pragmático. 1ª Entrevista inicial; 2ª Autoestudo; 3ª Escolha por parte do orientando; 4ª Discussão com o orientador sobre o autoestudo e sobre as possibilidades de escolha; 5ª Exploração do mundo do trabalho; 6ª Conselho e orientação; 7ª Acompanhamento da escolha efetuada durante a vida de trabalho.)

b) O enfoque tipológico hexagonal de Holland (a teoria estrutural-interativa é uma das mais difundidas e populares na área de OP. Bases epistemológicas: explicação de como as pessoas fazem escolhas ocupacionais, o que as leva a mudar de trabalho e que fatores levam a realização profissional. Foi o primeiro a propor um inventário de interesses com um inventário de personalidade. Princípios: a escolha de uma profissão é uma expressão da personalidade; inventários de Interesses são Inventários de Personalidade; os estereótipos profissionais tem significado psicológico e sociológico importantes; os membros de uma profissão tem personalidades e historias similares; e por isso elas respondem de maneira idêntica muitas situações e problemas e criam ambientes interpessoais característicos; a satisfação, estabilidade e realização profissional dependem da congruência entre a personalidade do individuo e o ambiente físico e social no qual trabalha. Propõe 6 tipos de personalidade e de ambientes ocupacionais que se constituem como motor da escolha. Base metodológica e técnica: utilização do instrumento SDS – questionário de busca autodirigida.)

c) O enfoque traço-fator;

2ª Demanda:

Como ajudar o individuo a entender os determinantes de sua escolha e poder escolher?

2. Enfoque psicodinâmico

a) O enfoque da satisfação das necessidades básicas de Roe (surgiu entre 1920 e 1940. Base epistemológica: Psicanálise de Freud – concepções do desenvolvimento psicossexual da infância e psicodinâmica – e o Humanismo de Maslow. Concepção de ser humano: todo sujeito tem uma tendência a satisfação de suas necessidades pelo gasto de energia psíquica. Então o sujeito é sujeito de necessidades e estas são determinadas pelas experiências de satisfação na infância, marcadas pelo clima familiar: baseado na satisfação ou frustração. Logística: a escolha vocacional seria um processo dinâmico e complexo que combinaria características individuais inatas e a forma resultante das interações ambientais precoces, ou seja, o clima familiar, definindo como cada um gastará sua energia psíquica nas profissões. Princípios: compreender as relações entre o comportamento vocacional e o desenvolvimento da personalidade, ocupacional segundo as características de personalidade que cada ocupação demandava, sua principal contribuição técnica – desenvolvimento de um sistema classificatório das ocupações a ser utilizado na OP).

b) O enfoque psicanalítico de Bordin (bases epistemológicas: utilizam as concepções freudianas de identificação, mecanismos de defesa e sublimação para explicar a escolha vocacional específica. Concepção de ser humano: o ser humano é determinado inconscientemente e é marcado pela busca infinita da realização do desejo por meio do investimento libidinal de objetos ou pessoas do mundo social, orientado pelo aparelho psíquico. A escolha vocacional e o trabalho podem ser situações de ideal-de-ego. Logística: a escolha vocacional seria uma forma de sublimação. O comportamento humano é marcado pela eterna busca do prazer pelas relações com a realidade, na qual o trabalho é central e os motivos das escolhas seriam inconscientes e desenvolvidos na primeira infância. Princípios: explicação ampliada do fenômeno vocacional pelos mecanismos do funcionamento psíquico do que na estruturação do processo técnico de OP, indicando que a questão vocacional seria basicamente uma questão da personalidade. Bases metodológicas e técnica: modelo dos três R – rearticular, refocalizar e reconstruir.)

c) A estratégia clínica de Rodolfo Bohoslavsky (bases epistemológicas: psicanálise inglesa – Melaine Klein – que se utiliza de conceitos como instancias psiquicas – ego, id e superego-, inconsciente, narcisismo, mecanismos de defesa, idealização – ideal de ego -, identificação, sublimação e reparação, com fortes influências da Psicologia Social – Pichon-Riviere e Bleger – por meio das concepções de vínculo, grupo, estrutura, identidade e papéis. Concepção de ser humano: o indviduo é um sujeito de escolhas, um vir a ser, pois a pessoa é senão o que procura ser por meio dos vínculos que estabelece com o mundo – atuais, passado e potenciais – na definição de quem ser, não só o que fazer e ao mesmo tempo de quem não ser. Logística: um sujeito invocado e um objeto interno danificado invocante, e a carreira seria uma resposta, concretizada na escolha vocacional, pode se dar da forma maníaca – negação e culpa e das perdas - , compulsiva – culpa persecutória intensa -, melancólica – reparação do objeto pressupõe autodestruição- ou autentica – elaboração dos lutos e reparação do vínculo de amor com o mundo. A carreira seria a síntese entre vocacional e ocupacional, num entrecruzamento entre a dimensão subjetiva e a dimensão social. Princípios: a estratégia clinica busca: entender a psicodinâmica vocacional do sujeito; compreender a problemática vocacional – conflito vocacional básico – que seria o tipo especifico de problemas de personalidade que envolve mecanismos de decisão diante de papeis ocupacionais; possibilitar a integração do devir vocacional com as possibilidades ocupacionais; dar oportunidade para o individuo se expressar como sujeito de escolhas, um indivíduo de ação no sentido de Arendt. Bases metodológicas e técnica: uma estratégia de observação e de intervenção sobre o comportamento humano. O vínculo entre orientador e orientando é fundamental para constituição do campo social no qual o dialogo possa se estabelecer e uma colaboração não diretiva possa ser concretizada. Método clinico operativo. Atendimento clinico breve ou psicoterapia breve focal. Instrumentos: entrevista clinica, alguns testes projetivos e técnicas de informação ocupacional, orientação indvidual e em grupo).

3ª Demanda:

Como ajudar o individuo a desenvolver sua carreira?

3. Enfoque desenvolvimentista e evolutivo

a) O modelo de desenvolvimento vocacional de Ginzbeg e colaboradores (enfatizou a continuidade, a irreversibilidade, o caráter de exclusividade, as dimensões e as variações e os desvios. A escolha profissional é um processo ininterrupto de tomada de decisões seqüencialmente interligadas ao longo da vida e irreversível. A noção de irreversibilidade esta atrelada a cinco fatores: a dificuldade de novos investimentos financeiros no individuo; restrição de tempo para investir em outra profissão após o início de outra atividade; a iminência do matrimônio no início da vida adulta; a dificuldade do individuo assumir que possa ter planejado de maneira deficiente a execução de seus objetivos; o fato de existir alguma desvantagem diante de uma mudança profissional.)

b) O desenvolvimento vocacional segundo Tiedman e O`Hara (buscaram esclarecer quais são as decisões tomadas por um individuo no curso de sua carreira. O processo de escolha profissional foi estruturado em dois períodos com etapas específicas: 1º antecipação ou preocupação – compreende etapas de exploração, cristalização, escolha e esclarecimento; 2º instrumentação e adaptação: compreende as etapas de indução, reforma e integração e significa a concretização progressiva de metas enquanto avança na ocupação escolhida.

c) O desenvolvimento vocacional segundo Mille e Form ( a partir da Sociologia Industrial formularam etapas para o processo de escolha: 1ª preparação para o trabalho – consiste no período em que o individuo adquire experiência sobre o trabalho e compreende os diferentes tipos de atuação, vantagens e desvantagens; 2ª envolvimento em tempo parcial com o trabalho e o individuo assimila gradativamente as condutas esperadas na vida profissional. 3ª exposição ao trabalho – o individuo realiza a transição da escolha para o trabalho. Três períodos: ensaio; estabilização; retirada.)

d) O desenvolvimento vocacional segundo Havighurst (desenvolveu suas principais idéias sobre o desenvolvimento humano e educação. Identificou 6 estágios principais do ciclo vital do nascimento a velhice. Para cada um desses estágios corresponderiam tarefas evolutivas de três ordens: tarefas derivadas de maturação física; tarefas derivadas de valores pessoais; tarefas derivadas das pressões sociais.)

e) A construção do enfoque desenvolvimentista e evolutivo de Super (a teoria foi desenvolvida ao longo de 60 anos por meio do pressuposto funcionalista. Desenvolveu uma teoria de carreira diferencial-desenvolvimental-social-fenomenológica, representada em 14 proposições. Desenvolveu conceitos como: segmento do desenvolvimento; segmento do autoconceito; segmento contextual Life-Span, Life-Space Theory. Foi uma das principais contribuições teóricas do campo da Psicologia Vocacional do século XX.)

4ª Demanda:

Como ajudar o individuo a compreender seu processo de tomada de decisões e desenvolver um método de escolha?

4. Enfoque decisional e cognitivo

a) Teoria sociocognitiva da carreira de Lent, Brown e Hackett (Bandura é referência obrigatória. Concepção de ser humano: a pessoa é agente do seu desenvolvimento e intencionalmente responsável perante seu destino individual e o mundo. Visão holística. Três modelos contemplam mecanismos e variáveis comuns e a sua descrição conjunta privilegia a sua natureza integrativa, considerando os processos contínuos de aprendizagem na relação tríadica ente as variáveis pessoais, as características do meio e o comportamento como experiência autorreguladora e como fonte de avaliação pessoal. Estes três modelos incluem conceitos como: variáveis pessoais; variáveis ambientais; experiências de aprendizagem; crenças de capacidade percebida; expectativa de resultados; interesses; objetivos; escolhas e desempenho.)

b) Teoria da ativação do desenvolvimento vocacional e pessoal (ADVP) de Pelletier, Bujold e Noiseaux (as bases teóricas fundamentam-se na Psicologia Desenvolvimentista de Super (1957), na teoria de inteligência de Guilford (1967), na Psicologia Cognitiva e na Fenomenologia, nomeadamente na Psicologia Humanista de Rogers (1979). A abordagem de um problema vocacional efetua-se numa seqüência: 1- exploração; 2-cristalização; 3-especificação e 4-realização).

c) A aprendizagem social de Krumboltz (propõe a teoria de aprendizagem social para a tomada de decisão na carreira (SLTCDM) cujo propósito é explicar a emergência das preferências vocacionais e das escolhas por meio dos processos de aprendizagem instrumental e associativa. São conceitos essenciais: os fatores genéticos; as condições ambientais; as crenças sobre a própria pessoa e as crenças sobre o mundo e as competências ante as tarefas. Esta teoria focaliza a historia pessoal da aprendizagem e o individuo como construtor progressivo de si. Ela propõe que as variáveis pessoais e as condições ambientais podem significar oportunidades ou constrangimentos.)

d) Teoria da circunscrição e do compromisso de Gottfredson (esta teoria associa a perspectiva psicológica com a sociológica para explicar as diferenças individuais e de grupo no desenvolvimento da carreira, no que concerne às origens das diferenças dos projetos nos dois sexos e às diferenças de estatuto social nas aspirações dos adolescentes).

5ª Demanda:

Como ajudar o individuo a entender e enfrentar as múltiplas transições em sua carreira?

5. Enfoque transicional

a) O enfoque transicional de Schlössberg e colaboradores (esta proposta tem por objetivo geral auxiliar e capacitar os consulentes a enfrentar processos de mudança em suas carreiras. Orientador e cliente analisam a situação de transição, os apoios presentes e potenciais, os recursos e as características do individuo, bem como as estratégias que podem ser aplicadas. A avaliação desses quatro fatores de transição é realizada por meio das habilidades de escuta do orientador e do uso de técnicas e instrumentos padronizados. Esta teoria apresenta os conceitos de transição; fatores que influenciam transições; timing; resiliência e autoeficácia).

6ª Demanda:

Como ajudar o individuo a construir dinamicamente sua carreira em um mundo em transição?

6. Enfoques contemporâneos

a) Embate epistemológico contemporâneo em Orientação Profissional: objetivismo versus construcionismo (Visão objetiva tem seu foco no positivismo que compreende o ser humano máquina. Ontologia realista. Epistemologia dualista. Metodologia cientifica experimental e empírico-analítica. Visão construtivista é baseada na Psicologia do Desenvolvimento e no Cognitivismo tem seu foco nos atributos do individuo e nas influencias que recebe do meio externo como forma de entender o comportamento humano. A realidade pode ser acessada diretamente por meio de representações que construímos. Ontologia realista. Epistemologia subjetivista. Metodologia hermenêutica e dialética. Visão construcionista tem seu foco em teorias da Sociologia, Linguística e Antropologia e postula que a realidade não é um dado natural e apriorístico, mas é construída por meio das práticas e discursos engendrados nas relações psicossociais. Ontologia relativista. Epistemologia subjetivista, sendo um discurso sobre a realidade, nunca a realidade mesma. Metodologia dialógica e transformativa)

b) Enfoque de base positivista – Enfoque do caos de Pryor Amudson e Bright (partem do principio que a realidade existe e pode ser acessada diretamente, sendo ela uma combinação de ordem com imprevisibilidade. Contem duas categorias básicas: os existentes e as relações. A teoria do caos busca integrar o ser com o vir a ser e fornecer uma explicação positivista para um contexto que muda constantemente e ao qual os indivíduos devem se adaptar. O papel do orientador é introduzir pequenas perturbações no sistema de funcionamento do individuo e depois auxiliá-lo no processo de reconstrução.)

c) Enfoques de base construtivista – Enfoque desenvolvimentista-contextual de Vondracek, Lerner e Schulenberg ( enfoque interacionista e estuda um alvo móvel dentro de um contexto complexo e mutante, sendo individuo e contexto sistemas com múltiplas dimensões interdependentes e que se desenvolvem e mudam constantemente. Este enfoque tem sua força na tentativa de unir uma visão positivista a uma visão construtivista. As intervenções deste enfoque procuram integrar técnicas do modelo traço-fator e do modelo construtivista. O foco da intervenção na orientação é a pessoa em contexto e a proposta é que o orientador entre em relação com o orientando.)

d) Enfoques de base construcionista – Enfoque do Life Designing de Savickas, Guichard, Duarte e colaboradores ( inspirados no socioconstrucionismo colocam que o contextualismo introduz uma visão de mundo interativa e dinâmica que tem o seu foco na experiência imediata e nos significados intercambiados que emergem na interação com os outros. O Life Desining é um enfoque contemporâneo que aceita implementar as últimas concepções elaboradas por Donald Super e realizar uma composição das propostas teóricas emergentes nas últimas décadas. Teoria da construção de si: preconiza que em um mundo em constante mudança, as operações de ajustamento e adaptação não correspondem mais às operações de relação da pessoa com o contexto e que se antes o foco da OP era a carreira, agora ele deveria se estender para a vida, propondo a passagem da análise, compreensão e orientação para a escolha vocacional e o desenvolvimento de carreira para a análise, compreensão e orientação para a construção de si. O processo de carreira é um processo heterogêneo e diversificado.)

Uma contribuição brasileira: A abordagem socioconstrucionista. ( esta abordagem surgiu como alternativa aos modelos hegemônicos das Ciências de forma geral nos quais há a busca de comprovação de hipóteses e postulação de leis gerais que buscam verdades objetivas sobre a realidade. Ela parte do principio que o conhecimento é o produto das nossas práticas sociais e instituições ou das interações e negociações entre grupos sociais relevantes. O conhecimento é sustentado pelos processos sociais e ação social. O individuo é socialmente construído pelas relações e práticas psicossociais, nas quais são gerados significados que, como discursos possíveis, orientam as ações e experiências cotidianas, tendo como foco a pessoa no contexto e o contexto na pessoa, que produzem construções discursivas sobre si, sobre os processos sociais e sobre as praticas sociais, configurando a realidade, que é sempre relacional. A carreira seria um narrativa de si na experiência de relação com o mundo (outro), legitimada e reconhecida socialmente como carreira.)

CONCLUSÃO

Na chamada Era de Transição, é importante estarmos atentos para o fato de que o individuo e sociedade estão em transição e a operação do desenvolvimento profissional se dá com a elaboração de projetos ocupacionais provisórios que  serão centrados na construção de si e do mundo. A carreira agora é uma relação dialética entre sujeito/mundo, não previsível, mas construído na própria relação. Sendo assim, vivemos um tempo de abertura para novas possibilidades onde são relevantes o conhecimento, mais do que a informação, a criatividade, mais do que o engessamento institucional. Estamos em construção... 


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Lucy Leal Melo-Silva e Marcelo Afonso Ribeiro: Compêndio de Orientação Profissional e de Carreira (Vol. 1): Perspectivas históricas e enfoques teóricos clássicos e modernos. Ed. Vetor, São Paulo, 2011.

Lucy Leal Melo-Silva e Marcelo Afonso Ribeiro: Compêndio de Orientação Profissional e de Carreira (Vol. 2): Enfoques teóricos contemporâneos e modelos de intervenção. Ed. Vetor, São Paulo, 2011.


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